sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A RIBEIRA CONTINUARÁ A VER PASSAR OS COMBOIOS ?

Artigo de opinião da autoria de António Domingos da Costa Morais, membro da Assembleia de Freguesia da Ribeira, publicado na edição nº 673 de 29 de Fevereiro de 2008 do Jornal Alto Minho

A Ribeira tem vivido os últimos anos mergulhada num perfeito marasmo, afectada por uma depressão que a tem arrastado para níveis de desenvolvimento que envergonhariam qualquer autarca com um pouco de visão estratégica e não se limitasse a um desempenho perfeitamente cauteloso, com um horizonte temporal muito limitado, fortemente espartilhado por interesses e objectivos que em nada beneficiam a freguesia e a sua gente.
Lamentavelmente, não se assiste na Ribeira a um verdadeiro debate sobre o que mais interessa à freguesia.
A população, não se interessa pelos verdadeiros problemas da comunidade e recusa-se a participar no rumo que a terra está a tomar.
Ao nível sócio-cultural, a junta, valoriza a mediocridade em detrimento do que realmente merece ser apontado como exemplo. A rede viária da freguesia, pouco mais evoluiu do que o que havia no tempo de Salazar e das Juntas de Paróquia.
Continuamos a ter caminhos, que mais parecem carreiros de cabras, com piso em resíduos da pedreira, tanto ao gosto deste presidente. Continuamos a ter lugares isolados de todo e qualquer apoio em caso de incêndio ou catástrofe, por falta de acessos condignos. Continuamos a ter caminhos completamente intransitáveis por falta de limpeza.
Com a incompreensível e vergonhosa opinião do Sr. presidente da junta, que acha isso mais vantajoso, porque se o mato for limpo a população vai reclamar a beneficiação dos mesmos. Não se admirem, porque foi esta a resposta dada, na Assembleia de Freguesia, quando interpelado sobre o estado em que se encontra o caminho, que liga a via do Foral Dª. Teresa à rua A.D. Os Limianos.
Em pleno SEC.XXI, quando muitas freguesias, algumas delas, nossas vizinhas e de menor dimensão, já estão preocupadas em resolver problemas sociais, com a construção de Centros de Dia e outras iniciativas para apoio aos jovens e protecção do ambiente, a Ribeira continua a viver com os mesmos problemas de sempre.
Na verdade esta terra, não tem um verdadeiro plano de desenvolvimento sustentado. Não se vêem obras dignas desse nome. Esta junta, limita-se a realizar umas "bricolas" e outras iniciativas de importância duvidosa.
Veja-se o capital gasto no "Campo de Futebol das Cucas", inaugurado com a presença do futebolista da selecção francesa Robert Pires !
Construído em local deserto, de maus acessos, sem água, luz e com uma tipologia de terreno propicia à ocorrência de acidentes graves.
O resultado está à vista!
Não tem qualquer utilização e como tal, foi um autêntico desperdício o dinheiro aí aplicado; E não foi pouco !
Agora e com o aproximar de mais um ciclo eleitoral, a junta de freguesia, propõe-se fazer aí um polidesportivo, ou seja, procura corrigir um erro com uma "palermice".
Porque não procura apostar na construção de um complexo desportivo, com campo de futebol de 7 e pavilhão gimnodesportivo junto ao Centro Educativo ?
A Junta de Freguesia sabe que essa seria uma solução mais vantajosa, mas prefere continuar a deixar tudo na mesma.
E a freguesia, essa continua a assobiar para o lado como se nada se passasse.
O Saneamento continua parado.
De que serve o Município anunciar uma redução de 50% nas taxas de ligação, se a freguesia continua à espera?
As obras iniciadas em 2005 continuam por concluir.
Em suma, a Ribeira está resignada, sem ideias, sem chama, nem vontade de agir.
Agora, adivinha-se que o traçado da futura ligação do TGV entre o Porto e Vigo passará por terrenos da freguesia, ainda não ouvimos o senhor presidente da junta, na Assembleia Municipal proferir qualquer palavra sobre o assunto !
Não fala, porque não tem opinião ?
Ou é um assunto que não lhe diz respeito ?
E a população, não vai exigir saber qual o traçado ?
Quais as vantagens e desvantagens para a freguesia dessa obra ?
O Eng.º Campelo já manifestou a disposição de travar um combate em defesa do concelho.
A Ribeira vai saber estar ao seu lado ou irá preferir esperar para ver ?
O traçado previsto, é profundamente penalizador para a freguesia, o lugar de Crasto, corre o risco de se transformar numa ilha, separado do resto da freguesia, estrangulado a nascente pela A3 e a poente pela linha do TGV.
Estou preocupado, porque tenho receio de que a Ribeira continue a ver passar os comboios !

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