sábado, 28 de junho de 2008

BIOGRAFIA DO POETA ANTÓNIO VIEIRA LISBOA

Thursday, June 12, 2008
BIOGRAFIA DO POETA ANTÓNIO VIEIRA LISBOA - 40 Anos após a sua morte

ANTÓNIO DA SILVA GOUVEIA VIEIRA LISBOA, filho de António Augusto Vieira Lisboa, gerente do Banco Ultramarino, natural de Ponte de Lima e de Dª Beatriz da Silva Gouveia Vieira Lisboa, natural de Bolama-Guiné, neto paterno de Alfredo Calixto Vieira Lisboa e de Dª Rosa Carolina Vieira Lisboa e materno de António da Silva Gouveia e de Dª Henriqueta Pereira de Gouveia, nasceu em Luanda, na então Província Ultramarina de Angola, ás três horas e vinte minutos da manhã, do dia 20 de Julho de 1907.

Foi baptizado no dia 6 de Maio de 1908, na igreja de Nª Sª dos Anjos, na Cidade de Lisboa.

Foram padrinhos de baptismo o senhor António Maria Vieira Lisboa, casado, Conselheiro, juiz da Relação de Lisboa e sua esposa, a Sª Dª Margarida Vieira Lisboa, segundos tios do baptizado.

A cerimónia foi presidida pelo Revº Prior Francisco Mendes Alçada de Paiva, pároco da Freguesia dos Anjos, na Cidade de Lisboa.

António Vieira Lisboa formou-se em Direito.

Instalado na sua “Casa da Garrida”, em Ponte de Lima, no termo da freguesia da Ribeira, o advogado poeta, começa a sua criação artística, embalado pela natureza limiana que o inspira de uma forma intensa.

Aos 28 de Julho de 1934, casa-se na Conservatória do registo Civil de Ponte de Lima, com Maria Guilhermina Vieira Lisboa, não havendo filhos, o casal acabaria por separar-se, sendo decretado o divórcio no dia 26 de Dezembro de 1944.

A Europa vivia mergulhada numa crise profunda decorrente da 2ª Grande Guerra Mundial e do avanço do poderio Alemão, que explorava os povos dos países que capitulavam diante da máquina de guerra do Fuhrer.

Decorria o Ano de 1940 e nas oficinas gráficas da “Gazeta dos Caminhos-de-Ferro”, em Lisboa eram impressos os exemplares da sua primeira obra literária, Versos Estranhos, que haveriam de ser editados pela mão da livraria Portugália.

No ano seguinte, novamente a livraria Portugália dava à estampa um novo titulo, tratava-se dos Poemas de Amor e dúvida, que foram impressos na gráfica Santelmo, em Lisboa.

Os anos seguintes foram de intensa actividade criativa por parte do poeta, publicando sucessivamente em:

Em 1942, Mulheres (Versos).

Em 1943, Chão de Amor.

Em 1944, Teu Corpo Minha Alma.

Em 1945, Testamento Sentimental.

Em 1946, Bess.

De notar, que as publicações de 1944 a 1946, não chegaram a entrar no mercado.

Em 9 de Setembro de 1947, o poeta Vieira Lisboa, terminava aquela que haveria de ser a sua última criação literária e nada melhor do que tratar os temas que sempre o inspiraram, a Mulher e o Lima.

Ao Longo do Rio Azul, só haveria de ser tornada pública dois anos mais tarde, decorria já o Ano de 1949.

Mas António Vieira Lisboa, não viveu encerrado no interior do seu solar da rua do Arrabalde, os amigos eram presença assídua nos almoços e jantares com que presenteava os seus convidados.

António Vieira Lisboa foi presidente da Direcção da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima, de 1936 a Junho de 1938.

Vieira Lisboa, era um amante da sua terra, da gente e das tradições limianas, não esqueçamos, que era na sua “Casa da Garrida”, onde repousava o touro que em véspera de Corpus Christi, haveria de correr na tradicional “Corrida da Vaca das Cordas”.

Paralelamente à sua criação literária e intervenção cívica, desenvolveu um importante papel na dinamização da agricultura e indústria local.

Vieira Lisboa, nas propriedades que possuía, sobretudo nas freguesias da Ribeira (Quinta dos Fortes, Qt. Bouça, Qt. do Pombal e QTª da Aldeia) e Rebordões (Quinta das Fontes e da Queixadinha), foi pioneiro na introdução de novas práticas agrícolas, bem como na experimentação de novas culturas.

Desempenhou um importante papel na actividade industrial do concelho, ao nível da produção e fabrico de azeite.

António Vieira Lisboa era um homem bom!

As escadas da sua casa da Garrida eram enxameadas por mendigos e pedintes, que aí recorriam para muitas das vezes matarem a fome. Este homem era incapaz de negar a ajuda a quem dele se abeirasse. As crianças, eram a sua alegria e por elas era capaz das maiores loucuras, nunca fez distinção entre os seus meninos e os filhos dos caseiros e demais serviçais.

Já acometido pela doença, casou-se no Hospital de Ponte de Lima, no dia 31 de Maio de 1968, com Maria Libânia M. Vieira Lisboa, com quem teve quatro filhos.

No dia 13 de Junho de 1968, dia de Santo António, pelas 18 horas, os sinos da matriz de Ponte de Lima, anunciavam a triste notícia do seu falecimento no Hospital da Misericórdia, agastado pela doença, o Homem e o Poeta, haviam-se calado para sempre.

Ponte de Lima, via partir tão cedo, uma das vozes que componha o coro daqueles que tão bem souberam cantar o Amor a esta terra.

Não me parece que a dor desta perda tenha encontrado eco suficientemente justo na terra que tanto amou no seu lirismo Limiano.

Vieira Lisboa, merecia mais e Ponte de Lima, continua a dever-lhe o respeito e o merecido reconhecimento pelo seu mérito.

In: http://ribeiranovoshorizontes.blogspot.com/

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ANTÓNIO VIEIRA LISBOA: O POETA DO AMOR

"Poetas assim só aparecem de séculos em séculos e na abundante poesia lírica portuguesa não chegam a contar-se pelos dedos das duas mãos".Jaime Brasil

"Um lugar dos melhores entre os melhores poetas modernos".Rebelo de Bettencourt

"A marca incontestável dum artista".
Raúl Leal


António Vieira Lisboa publica a maior parte dos seus livros na década de 40 do século XX. Nesse mesmo período encontram-se a compor a sua experiência criativa outros poetas: Alberto de Serpa, Vitorino Nemésio, Francisco Bugalho, Fausto José, Pedro Homem de Melo, Mário Dionísio, Álvaro Feijó, Joaquim Namorado, Sidónio Muralha, Augusto dos Santos Abranches, Natércia Freire, Irene Lisboa, Rui Cinatti, Tomaz Kim, José Blanc de Portugal,José Régio, António de Navarro e muitos outros. Os versos movem-se através das tertúlias de café, dos jornais, dos livros e das revistas que circulam do norte ao sul do país. São múltiplas as tendências e as estéticas em confrontos intermináveis, desde o modernismo ao neo-realismo. O Poeta de Versos Estranhos (1940) ou de Poemas de Amor e Dúvida (1941) está afastado de todos esses círculos. Talvez se aproxime do grupo ligado aos Cadernos de Poesia(1940), ao seu manifesto: «Destinam-se estes cadernos a arquivar a actividade da poesia actual sem dependências de escolas ou grupos literários, estéticas ou doutrinas, fórmulas ou programas. A poesia é só uma!»(1)
António Viera Lisboa constrói suas próprias normas no encalço de uma poética personalíssima. Toda a sua arte nasce de uma chama interior, de uma sensação de vazio, de desamparo, de insatisfação. A escrita é o reinventar da vida em águas mais mansas, a busca da quietude plena do espírito, o desfazer do caos. E é quase sempre a mulher que emerge nos versos, nas estrofes: «A terra é seca, é árida, é ingrata / sem ter o olhar de uma mulher./ Só a mulher à terra prende e ata / com invisível nó que o Amor sugere.» (2)De outro modo, a existência não faz sentido. «Tudo o que sinto ou sonho e me desvaira, / a cor, o som, o aroma da paisagem / que eu vejo longe porque d’alto paira / sinto puríssimos em certa imagem...// A imagem d’Essa doce rapariga / alegre, sã e fresca como a aragem / do Amor que a face ainda me fustiga / para que eu viva a Vida com coragem.» (3) A mesma obsessão quando a paisagem se desdobra diante dos seus olhos: «Ao longo desse langoroso Lima / o pensamento em que me alongo pende / para um barco à vela rio acima, / um barco à vela que na água esplende.// E a vela arfando fresca ao leve vento / lembra-me, branca, a sua bela blusa, / a blusa dela justa – o meu tormento - / com que ficava, olhando-A, tão confusa. // O barco à vela, majestosamente, / que ao longo desse rio sobe além / parece-me Ela a aproximar-se, rente, / que em Seu andar inconfundível vem.» (4) Esta imagem não é mais do que o vibrar do sonho na palavra, na música, no ritmo. Uma aspiração profunda realizada no momento encantado de criação que é ao mesmo tempo vida e arte, realidade e fantasia, serenidade e arrebatamento, finito e infinito. Foi o modo que o poeta achou para «Viver a Vida toda Amor / só ao sabor / do Coração.» (5) Mas a paixão sublime ficou apenas na sua lírica amorosa e sensual, na mulher que tão depressa aparece como desaparece do seu caminho. E é isso que se pode constatar no poema Na Cidade: «Essa de que nem sei o nome / segui-A ao longo da Cidade plena / de gente que ia e vinha lesta...// Depois perdi-A / na multidão...// Mas para sempre me deixou em cada artéria / do Coração / essa lembrança duma moça esguia / frágil e séria / que um dia vi com emoção.// Segui o meu destino...// Por mais que ande, / não tornarei a ver seu Corpo fino...// A Cidade é tão grande!...» (6) Num outro exercício muito semelhante, A uma Desconhecida, regista as mesmas comoções vertiginosas: «Esse olhar íntimo mas fugitivo / duma Desconhecida penetrou-me / de tal maneira a minha Alma ao vivo / que pensativo, triste até, deixou-me.// Esse olhar doce, súplice estragou-me, / assim tão momentâneo e tão preciso, / a tarde toda... O meu prazer levou-me.// E eu vendo-A, estático, indeciso, / fiquei-me a olhá-La, alheio e só, perplexo...// !¿ Porque não segui eu essa mulher / se ainda agora o Seu olhar me fere?! // ¿ Era o Amor que me passou à beira? / ¿ A imagem d’Ele em pálido reflexo / neste bulício da cidade inteira / quase sem tempo em seu viver sem nexo?» (7)
António Vieira Lisboa foi o poeta das emoções, o cantor do Amor e da Mulher, mas foi também o cantor do Lima: «Sete vezes o Rio há-de encher / e subir ao «Passeio» da vila. / Cada vez há-de ser Lua Cheia / que, ao descer o «Passeio», vigila.// Doze meses é quanto medeia / cada ciclo dos tais que hão-de ser. / Sete vezes será Lua Cheia. /Sete cheias o Rio há-de ter.// Sete vezes, não mais, nunca menos / p’ra que o ano nos venha folgado.../ P’ra que haja bons milhos, bons fenos / - a fartura da gente e do gado.» (8)

Luís Dantas

NOTAS
(1) João Gaspar Simões, Itinerário Histórico da Poesia Portuguesa, Biblioteca Arcádia de Bolso, Lisboa, pg. 372
(2)António Vieira Lisboa, Chão de Amor, Editorial Nós, Braga, 1944, pg. 5
(3)António Vieira Lisboa, Chão de Amor, Editorial Nós, Braga, 1944, pg.11
(4)António Vieira Lisboa, Ao Longo do Rio Azul, Edição de Autor, Ponte de Lima, 1949, pg. 12
(5)António Vieira Lisboa, Versos Estranhos, Livraria Portugália, Lisboa, 1940, pg.8
(6)António Vieira Lisboa, Versos Estranhos, Livraria Portugália, Lisboa, 1940, pp.44-45
(7)António Vieira Lisboa, Mulheres, Livraria Bertrand, Lisboa, 1942, pg. 45
(8) António Vieira Lisboa, Ao Longo do Rio Azul, Edição de Autor, Ponte de Lima, 1949, pg. 50

In: http://br.geocities.com/viladeponte/artigo.htm


A VILA E O RIO

Foto de Amândio de Sousa Vieira

A vila
tranquila
¿ dorme ou suspira?
junto do Rio.

E o rio,
safira
em fio,
de volta da Vila,
delira.

A Ponte já velha de tanto relento
se mira
no fundo
do Rio sedento.

Alheia,
num esquecimento
do que é deste mundo,
nem vê que a aniquila
a areia.

É o equinócio
do Outono.
E o Rio no velho caminho vacila...
pára...rodeia,
enfim prossegue com cautela:
que não perturbe a Vila
no sono
d’ocio.

Nem vela
circula.
E o Rio areia acumula
no pensamento que o atribula
de à Vila
chegar.

Vem longe o Inverno que traz as cheias.
E o Rio infeliz
se afila
perdido de Amor, com ciúmes da Ponte.
Até lhe levou duma vez as ameias.

E a Vila, de branco, só espera o Luar
e o rouxinol de fronte.

in Ao Longo do Rio Azul, Edição de Autor, Ponte de Lima, 1949, pp. 44-45

In: http://br.geocities.com/viladeponte/poema.htm

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sede da Junta

A Junta de Freguesia da Ribeira inicou um processo que visa remodelar e ampliar a sua sede. Secretamente mandou elaborar o projecto. A escolha sobre os seus autores levanta sérias dúvidas. As opções tomadas outras ainda maiores. Não seria melhor ouvir primeiro e decidir depois ? O edífício, o enquadramento e o local merecem um projecto equilibrado. Será que crescer o edifício para poente e colocar-lhe mais um piso serão as opções correctas ? Muito provavelmente não. As acessibilidades ao edifício e o estacionamento estarão asseguradas ? Também não.
Este projecto deveria merecer um tratamento mais transparente e dialogante. Não podendo contar com isso por parte da Junta de Freguesia existem outros meios de ter opinião e participação construtiva, que também passa por este blog.



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Sede da Junta

In blog:
http://ribeiranovoshorizontes.blogspot.com
Sobre o projecto de remodelação/ampliação da sede da Junta


OPINIÃO DA SEMANA QUE PASSA

Esta semana decidi dar a conhecer a opinião que foi enviada por dois leitores do blog, de modo a que as pessoas possam reflectir sobre a importância que representa o espaço envolvente da igreja paroquial da Ribeira.
Uma delas, do Arquitecto André Rocha, é merecedora de uma reflexão cuidada por parte das entidades envolvidas naquele local.
A outra, alerta para um pormenor que poderá ser responsável pela descaracterização completa daquela paisagem, trata-se da pretensão da Junta de Freguesia de ampliar o edifício da sede, um projecto que não foi discutido, que ninguém conhece e que se sabe apenas que será colocada mais um piso no edifício, para alem da sua ampliação para o lado poente.
Na Ribeira, não se discutem os projectos e depois, lamenta-se o resultado.
A Junta de Freguesia deveria ouvir os técnicos devidamente habilitados, consultar a população em discussão pública e depois decidir, em vez de fazer as coisas em segredo, consultando apenas os gabinetes dos amigos e decidindo em silencio.

André
De facto o espaço envolvente da igreja está bastante degradado. Toda a envolvente paisagística foi afectada gravemente após a construção da ponte e nós de acesso à auto-estrada. São inúmeras as fotos ou pinturas anteriores a esta construção retratando a igreja e ao fundo o rio a serpentear; uma imagem que tão bem retratava o Minho. A estrada que passa entre os dois templos tinha um carácter mais humano, com aqueles muros de pedra que inevitavelmente foram derrubados e as alminhas deslocadas do seu contexto. Julgo que toda a zona compreendida entre a rotunda e as igrejas merecia uma intervenção que a humanizasse. Considero que aquele parque que envolve a igreja deveria servir melhor a Freguesia da Ribeira. Aproveito por agradecer a atenção depositada no meu trabalho.

May 14, 2008 4:21 PM

Olhar atento
Parabéns ao autor do blog por ter colocado o assunto com oportunidade. Defacto a envolvente da Igreja (adro) carece de uma intervenção cuidada de modo a manter-se o local aprazível que mesmo assim ainda é. Não podemos dizer o mesmo quanto á intervenção no edifício da sede da Junta de que se fala. Um projecto feito às escondidas, à pressa, adivinha-se que elaborado por um engenheiro amigo ou com ligações aos membros da junta e por isso os arquitectos ficam apenas para dar a opinião depois da obra e provavelmente dos erros que irão ser cometidos. As fotografias deixaram de retratar aquela paisagem armoniosa que a construção da auto-estrada alterou e terão agora mais um piso, na sede da junta, que não é da junta, porque a junta, decidiu "oferecê-la" ao Município. Dado o interesse seria excelente obter e endereçar á Junta de Freguesia, que provavelmente continuará surda, a opinião do Arqº André Rocha. Aqui fica a minha opinião e o meu convite, se assim e desta forma puder ser entendido. Deixo também a minha admiração por todos quantos se interessam pela Ribeira.

May 18, 2008 3:49 PM

André
Sem dúvida que o papel do arquitecto e a qualidade do produto final e intervenção fundamentada continua a ser subestimada. Assim, o arquitecto fica-se pela simples opinião e o seu contributo cívico que não é o que de melhor terá para dar. De facto o estado do parque adjacente à igreja impressionou-me pelo seu abandono. Em relação ao projecto de recuperação da Junta não tenho conhecimento. Procurarei emitir a minha opinião fundamentada à Junta de Freguesia de uma forma mais interventiva.

May 20, 2008 5:24 PM
Labels: politica - ribeira

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